1º Encontro Regional das Pessoas Foco em Raiva na África Oriental

O Encontro de Diretores de Programas da Raiva nas Américas (REDIPRA) tem se mostrado muito bem sucedido no avanço das atividades de controle e eliminação da Raiva na América Latina. Baseado nesse sucesso, concebeu-se a ideia para desenvolver estruturas similares para diversas sub regiões da África. Estas pequenas comunidades de pessoas focadas em Raiva, que agem de acordo com a Rede Pan Africana de Controle da Raiva (Pan African Rabies Control Network - PARACON), podem colaborar no compartilhamento e disseminação de informações pertinentes sobre Raiva a fim de impulsionar a cooperação internacional em direção ao controle e eliminação da Raiva no continente africano. Estas comunidades, por sua vez, são convidadas a fornecer mais detalhes do conhecimento e as informações da sub região para  a rede maior regional PARACON.     

Diante desta visão, o primeiro encontro regional das pessoas foco em Raiva foi realizado em Nairobi, no Quênia, de 7 a 9 de fevereiro de 2017, e foi organizado através de uma colaboração entre a Aliança Global para Controle da Raiva (Global Alliance for Rabies Control - GARC), o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (US Centers for Disease Control and Prevention- US CDC) e a Unidade de Doenças Zoonóticas do Quênia (Kenya Zoonotic Disease Unit- Kenya ZDU). À medida que as estratégias de controle da Raiva são desenvolvidas na África Oriental, esta reunião objetiva reunir as pessoas com foco na Raiva para discutir como os planos nacionais individuais podem ser coordenados nas comunidades, regiões e no Continente Africano.

Os participantes representaram os ministérios da saúde, da agricultura e o programa de Saúde Única de alguns países da África Oriental. Durante o encontro 10 delegados de Países como Etiópia, Quênia, Ruanda e Tanzânia e 25 parceiros  internacionais (muitos dos quais tinham interesses específicos e conhecimentos especializados em cada país representado) reuniram-se para compartilhar os seus conhecimentos, avaliar seus progressos no controle e eliminação da Raiva e melhorar as comunicações em seu próprio país e países vizinhos.

Objetivos do encontro:

• Analisar a situação atual dos programas nacionais de controle e eliminação da Raiva nas sub regiões
• Estabelecer o papel de uma comunidade de planejamento composta por pessoas com foco em Raiva
• Determinar metas regionais e nacionais para o controle da Raiva canina
• Propor estratégias e um roteiro sub regional para conseguir o controle e eliminação da Raiva canina entre as sub regiões
• Compartilhar as experiências, lições e progressos com a rede regional PARACON
• Identificar recursos regionais e partes interessadas que possam ser elencadas para apoiar os esforços no controle da Raiva e identificar lacunas que devam ser preenchidas   

Ao longo do encontro de 3 dias, um curso detalhado centrou-se na Abordagem Passo a Passo para a Eliminação da Raiva (Stepwise Approach towards Rabies Elimination - SARE) e o Rabies Blueprint com as suas ligações vitais para a avaliação SARE. Os representantes dos países foram encorajados a atualizar a ficha de avaliação do SARE do seu país. Isso produziu uma avaliação mais precisa e detalhada da situação atual de cada país, o que, por sua vez, permitiu aos usuários monitorar com precisão os avanços. As atividades prioritárias de fácil realização para cada país, tanto a curto como a médio prazo, foram concebidas pelas pessoas focais nacionais para avançar ao longo da escala SARE. As atividades prioritárias comuns foram destacadas para o grupo como um todo. Além disso, o boletim epidemiológico PARACON foi apresentado às pessoas focais participantes como uma ferramenta útil para a coleta, análise e disseminação de dados, incluindo um painel de controle específico para a exibição e análise de dados sub regionais.

Seguidamente, os representantes dos países relataram progressos específicos, desafios, atividades atuais e planos futuros para os seus esforços de controle da Raiva. Foram também exibidas apresentações das partes interessadas e organizações internacionais que têm interesse ou que têm projetos atuais em cada um dos países, apoiadas por discussões aprofundadas sobre estas atividades.

Como muitos dos delegados não estavam familiarizados com a estrutura REDIPRA, sobre a qual o conceito para a reunião foi baseada, a sessão da manhã do último dia foi estruturado para fornecer uma base nesta estrutura, bem como uma visão geral e histórias de sucesso mais detalhadas da América Latina. As semelhanças entre desafios e experiências entre a América Latina e a África sub Saariana foram claras e a sessão proporcionou um excelente fórum para discussões sobre as experiências da América Latina e suas abordagens específicas para o controle e a eliminação da Raiva. Uma ênfase clara foi colocada no fato de que todas as ferramentas necessárias para o controle e eliminação da Raiva estão agora disponíveis. Os delegados concordaram que a África não só poderia ter êxito em seu objetivo de controle e eliminação da Raiva canina, mas que também  poderia alcançar a meta global até 2030.

Depois disso, metas alcançáveis foram definidas pelo desenvolvimento de um roteiro claro e conciso e pela construção de uma colaboração entre os países da comunidade. Finalmente, a reunião foi levada a uma conclusão discutindo e decidindo sobre o elo crucial dessa comunidade recém fundada com a rede maior PARACON, assegurando que nenhuma sobreposição ou redundância fosse criada na formação desta comunidade. Todos os participantes concordaram que esta comunidade formaria um grupo de trabalho próximo da rede PARACON para apoiar as iniciativas impulsionadas pela GARC e PARACON. Por último, os resultados da reunião foram discutidos e acordados; Incluindo a decisão de que o Quênia presida essa comunidade nos próximos dois anos. O roteiro para a comunidade será compartilhado com a rede maior PARACON na próxima reunião anglófona PARACON agendada para este ano (2017) na África do Sul.

Contribuição de: Andre Coetzer, Terence Scott e Louis Nel em nome de PARACON       

Traduzido por Helena BC Ruthner Batista,PhD, pesquisadora cientifica pelo Instituto Pasteur de São Paulo e colaboradora do Programa de Pos-graduação em Biossistemas da Universidade Federal do ABC